Sinais de Alzheimer “transmissível” observados em pessoas que receberam hormônio do crescimento
Um estudo recente, liderado pelo eminente neurologista John Collinge da University College London, revela resultados intrigantes sobre a possível transmissão de proteínas associadas à doença de Alzheimer durante certos procedimentos cirúrgicos. Publicado na Nature Medicine em 29 de janeiro, o estudo levanta questões complexas sobre as implicações dessas descobertas.
A pesquisa concentrou-se em indivíduos no Reino Unido que receberam hormônio de crescimento derivado da glândula pituitária de cadáveres durante a infância, uma prática interrompida em 1985. Embora o estudo alerte para práticas médicas não mais em vigor, os resultados apontam que algumas dessas pessoas, décadas depois, desenvolveram sinais de demência de início precoce, com a presença de placas da proteína amiloide-β no cérebro, característica distintiva da doença de Alzheimer.
As descobertas se apoiam em pesquisas anteriores da equipe de Collinge, que em 2015 identificou depósitos de β-amiloide em cérebros de pessoas tratadas com o hormônio do crescimento. Além disso, em 2018, a equipe demonstrou que certos lotes do hormônio continham β-amiloide, induzindo seu desenvolvimento em modelos animais.
Apesar da relevância dos resultados, cientistas destacam a cautela devido ao tamanho limitado da amostra, ressaltando a necessidade de mais pesquisas para validar as conclusões. Tara Spires-Jones, neurocientista do Instituto de Pesquisa em Demência do Reino Unido, destaca a complexidade de atribuir o papel das sementes β-amiloide na demência com base em oito participantes.
Questionamentos sobre a validade dos diagnósticos de Alzheimer em alguns casos surgem, mas os resultados apontam para a importância de precauções e investigações contínuas. Embora as implicações clínicas possam ser incertas, a pesquisa estimula uma compreensão mais profunda das doenças neurodegenerativas, instigando futuras investigações sobre a possível transmissão da doença de Alzheimer.